Um dos (GRANDES) problemas do monopólio

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Peter Sunde (um dos criadores do The Pirate Bay) já havia apontado que perdemos a principal essência da internet, aquilo quea deixa incrível e fervilhante: a descentralização.
Descentralização parece algo ruim se você pensar em termos de busca. Quer dizer, se tudo está espalhado por aí, fica mais difícil de achar o que se deseja. Mas, ao mesmo tempo, a busca se torna livre e personalizada, com pequenas ilhas de acúmulos de dados.
Mas, e se tudo estivesse num armário azul, organizado e intuitivo? Não exatamente “tuuudo”, mas grande parte, ao menos uma ponte muito bem estruturada para você chegar a informações e entretenimento.
O facebook dominou o mercado se promovendo como uma plataforma para todos. Com seu lema “é de graça e sempre será”, ele procurou cativar a todos nós como uma rede social adaptável para o estilo de vida de cada um, onde poderíamos conversar, nos informar e nos entreter de maneira personalizada.
O espantoso e rápido domínio do facebook como rede social fez com que não enxergássemos mais uma internet descentralizada, daquele tipo que existia pelos anos 90 e 2000, onde acessávamos diretamente sites ou usávamos o google para achar assuntos e notícias. Agora o facebook acabou se tornando (ao menos para a maioria) a ponte entre pessoas e informações dos mais variados assuntos.
Pter Sunde também alertou, na mesma entrevista, para o grande perigo do facebook ter se tornado o “ditador” que decide que tipos de site você pode ou não pode ver e que informações você receberá.
Alguns jornais internacionais já levantaram uma outra grande questão: Será que o facebook usa seus mecanismos para criar uma agenda política? (coisa que foi respondida cabalmente pelos arquivos expostos por Edward Snowden sobre a NSA e seu íntimo vínculo com o facebook).
Honestamente eu não olhava para essas coisas de modo temeroso, por acreditar que o facebook, assim como o google, manteria um certo nível sofrível de respeito ao usuário. Aquele mínimo de respeito com sua personalidade e maneira de consumir/ contribuir com a rede social.
Eu tenho uma lista de amigos extremamente enxuta (tipo 26 pessoas. Sim, sério!) e uma lista de páginas que acompanho igualmente pequena (mas vai para 90, ou 100). Alguns amigos meus também são assim: quase reclusos. E nós nunca tivemos problemas com isso; até agora…

Nós começamos a receber avisos amigáveis do facebook do tipo “adicione mais amigos para ver mais notícias no seu feed”. E eu, assim como eles, simplesmente ignorávamos essas sugestões. Ok facebook, obrigado. Mas estou bem com minhas notícias da maneira que estão.
Depois mais uma sugestão amigável do facebook “hey! que tal tirar uma foto nova pro seu perfil?”. Hum… Não obrigado, eu realmente não curto selfies, prefiro deixar a arte fotográfica para os entendidos. Minha foto em uso me agrada.
Porém, as sugestões amigáveis se transformaram em avisos amigáveis “hey! Melhor adicionar mais amigos, ein?” Não, facebook. Obrigado. “melhor tirar uma foto nova, ein?”. Não, facebook. Obrigado…
E depois de algumas semanas o facebook literalmente sequestrou meu feed, assim como de alguns amigos meus. O preço do resgate? Adicionar novos “amigos” e postar uma foto nova de perfil (wat?)
Quando tento ler alguma notícias através do meu feed, encontro uma tela vazia com o seguinte:

tosquice
Eu realmente fiquei chocado. Mais uma vez eu assistia de camarote um repetitivo comportamento empresarial. Prometem que o monopólio será bom para fornecer mais recursos, depois, ao se tornarem imbatíveis começam a fazer o que eles mesmos falaram que nunca fariam. Os revolucionários se tornam aquilo que outrora diziam combater. O Facebook se tornou um grande feudo senil, onde as regras absurdas são impostas por seu rei. Regras que muitas vezes ficam subliminares.
Uma rede que se vangloriava pela diversidade agora começa a não tolerar certos estilos de vida.
Gostaria de fazer um pedido: Por favor, fomentem a diversidade e a competitividade de mercado. Não joguem poder e preferência demais numa empresa ou numa figura. Não confiem na sobriedade de uma pessoa que se vê com muito poder nas mãos. A história nos mostra que todos nós ainda somos muito despreparados pra tal coisa.
E a melhor forma de combater o despotismo é fomentar a pluralidade.
Quanto ao meu feed: bem, o jeito é voltar ao estilo dos anos 2.000…
Felizmente ou infelizmente, tio Zuck, eu não banalizo o significado da palavra “amigos” e nem desgasto o uso da minha própria imagem.

P.S: Precisamos urgentemente de uma nova rede social.
JL