O violão

O violão

Hoje na loja de instrumentos musicais, fiquei com vontade de ver um violão melhor (só ver mesmo, afinal, o dinheiro já anda curto até pra comprar cordas novas).
Perguntei dos violões e é engraçado que sempre me sugerem os que têm entrada pra amplificador, do tipo meio cá meio lá (meio violão, meio guitarra).
“Quero um violão clássico, algo sem nenhum aparato elétrico. O que você tem desse tipo?”
Ele pegou um com aspecto mais desbotado, com um ar grave, uma seriedade de seiscentos reais.
Sentei-me pra tocar e o som saía de uma forma muito bonita, numa facilidade incrível. Cada corda tinha seu respeito nele, nenhuma com privilégios a mais ou a menos.
Fiquei tocando várias músicas pra sentir a maneira que o som ganhava vida naquele violão. “Irene” do Rodrigo Amarante ficou muito mais bonita, “Dois Barcos” do Marcelo Camelo então, nem se fala. Escaparam alguns folks do Iron and Wine, lembranças da Rachel Sermanni… Parecia que o violão dizia para todos que ouviam, “Um momento de sua atenção, pois tenho algo a dizer pra vocês”.
O braço era de mogno e as casas não tinham sinalização como os violões comuns, eram mais separadas, quase um abismo.
Ele encaixava engraçado nas minhas mãos, parecia me rejeitar, dizendo de alguma forma que não tinha sido fabricado pras minhas mãos amadoras, mas eu pedia licença e dizia
“Ah, deixa eu imaginar que sei, deixa eu fazer soar os acordes mais bonitos que decorei… Deixa que as pessoas pensem que nascemos um pro outro…” e de alguma forma, ele deixou.
JL