No mesmo dia que anunciei o fim do revoltirinhas, um cara veio falar comigo pelo inbox da página
… gostaria de saber (desculpe se estou sendo mto invasivo) o que exatamente está lhe “obrigando” parar com esta belezura?
dependendo do que for, podemos ajudar de alguma forma?
Expliquei sobre a paternidade inusitada (duplamente inusitada. Sim, gêmeos!), todos os problemas financeiros que já estava enfrentando e como tudo isso explodiu como uma bomba de impotência e desespero. Tudo que eu pude fazer foi anunciar o fim e me recolher no silêncio.
Ele perguntou se eu não me importaria em receber roupinhas pros bebês de presente.
Me perguntou se eu tinha preferência de cores, pois ele não tinha. E eu disse que acreditava em roupas de bebês e não de “menino” ou “menina”. Papéis pré-determinados são a coisa mais castradora que existe. Ele tinha a mesma opinião.
De primeira fiquei contente e aceitei a gentileza. Mas depois fiquei realmente inseguro. Pois, nesses 2 anos e alguma coisa de revoltirinhas, recebi muitas mensagens de ódio, principalmente em tirinhas que apontavam incoerências na postura religiosa.
O mais curioso foi que ele é um cara religioso, que gosta do revoltirinhas e que queria me ajudar como podia.
Passou-se um dia e eu achei melhor recusar. Expliquei minha desconfiança sobre pessoas mal intencionadas e envios por correio, sobre as mensagens de ódio que recebi nesse tempo e ele me perguntou: Você recebe mais mensagens ruins do que mensagens boas? E eu disse “Recebo mais mensagens boas. Mas sempre parece que as más são as que as pessoas estão mais dispostas a concretizar”.
Ele mandou uma foto das roupinhas já compradas e realmente me senti mal pela desconfiança, pelo risco de estar me defendendo de uma boa pessoa. Dei meu endereço, com medo e ao mesmo tempo me sentindo mal por sentir medo. E nessa quarta-feira chegou um pacote de esperança na minha casa.
Um conjunto de roupinhas, naninhas e cobertozinhos. Mostrei pra minha mãe e ela se emocionou. Sem eu nunca ter dito nada sobre as mensagens de ódio ela disse “Com tanta gente ruim nesse mundo, é bonito ver um gesto assim de carinho”.
Gostaria de agradecer ao leitor Eduardo Almeida pelo gesto de carinho e bondade. As conversas indigestas ganharam (ao menos hoje), um tom de esperança.
JL
