Qual a melhor solução: Esquerda ou Direita?

esquerda direita

Quando cursava filosofia, existia uma aula realmente incômoda. Uma professora selecionava especificamente alguns pensadores e os anunciava como os únicos e corretos fundadores da filosofia da educação (inclusive esse era o nome da matéria: “filosofia da educação”).
Um dia, ao perguntar se não haviam outras vertentes, outros pensadores da filosofia da educação, ela respondeu enfaticamente que não. Insisti, citando exemplos de educadores que adotavam práticas completamente contrárias às vertentes impostas por essa professora e que portanto, deveria existir filosofias que são totalmente diferentes daquela ensinada em sala de aula.
A professora pediu para que eu a procurasse depois da aula e continuou lendo suas cartilhas para a classe apática, levemente aborrecida pela minha interrupção.
Ao final da aula ela me explicou, a meia voz, o que estava acontecendo: “Veja, eu não posso passar outras bases da filosofia da educação, pois essa que estou ensinando é a melhor.”
– Mas e se a senhora apenas anunciasse que a vertente passada em sala é sua predileta, porém existem outras?
“Não, eu não posso confundir a cabeça dos alunos”
Foi exatamente assim que o diálogo terminou. Com uma professora, num curso de filosofia, preocupada em passar uma única verdade para “não confundir a cabeça” de futuros filósofos!

Essa frase infeliz resume o mundo que vivemos hoje

Estamos cercados de pessoas tão certas de que algo é melhor, que não anunciam a existência de outras informações, para não “confundir” a cabeça das pessoas. Vemos essa polarização bizarra principalmente nos jornais.
Todos os erros gritantes e contraditórios do governo do PT foram praticamente varridos das manchetes de esquerda (que, outrora, elas próprias denunciavam a todos os ventos). Todos os erros e contradições do governo interino são reduzidos a quase zero pelos meios de direita.
Todos eles com uma forte crença de que, se a população for tratada feito idiota, onde todos são reduzidos a “malvado” ou “mocinho”; ela agirá de forma mais homogênea e consequentemente de maneira mais eficiente e enérgica.

Se você parar pra pensar por um segundo, faz sentido

“Ora, o povo precisa de uma linha sólida pra seguir”. Mas se os pensadores de 1 segundo se esforçarem pra pensar um pouco mais, verão que isso é a coisa mais desonesta e suja que se pode fazer.
Isso é delegar um papel de gado ao povo. O gado que é coagido a ir para lá ou para cá de acordo com matérias polarizadas e de acordo com a mídia que detém o berrante mais alto.
Perguntei aos jornais de esquerda onde estavam as matérias que eles próprios redigiram, que mostravam que a desigualdade social aumentou ao invés de diminuir no governo do PT. Aos de direita, onde estavam as manchetes em que o nome de Aécio Neves estava no mesmo texto que falava de cocaína, ou o nome de Beto Mansur constava em matérias sobre fazendas com trabalho escravo. Eu só ganhei um “Visualizado”. Todos estão focados demais na polarização para responder à perguntas como essas. Parece que o trabalho de Winston realmente existe.

A grande verdade é que as pessoas que se diziam de esquerda condenavam o teórico governo de esquerda. As pessoas que se dizem de direita estão condenando o teórico governo de direita. Ambas sentem que o lado que defendem não é representado. Porém, ao invés de anunciarem que estão insatisfeitos com os teóricos representantes (que nada representam), preferem engolir o sapo pra não dar o braço a torcer pro outro lado (sim, estamos no jardim de infância).

Mas afinal, o que é melhor? Esquerda ou Direita?
Não dá pra se saber. Pois o único lado que já nos governou foi o lado da corrupção. E esse lado todos nós condenamos, todos nós ficamos insatisfeitos cedo ou tarde.
Porém enquanto a população não ver que todos estão do mesmo lado, que todos detestam a desonestidade, nós viveremos concentrando nossas energias em brigas idiotas enquanto uma minoria decide nossas próprias opiniões.

Por hora estamos todos muito putos com a desonestidade e falta de empatia daqueles que se anunciaram como nossos representantes.  Afinal numa democracia, nós somos o poder. E o que está enfraquecendo os mais fortes? Vou dar uma dica: começa com “mídia” e acaba com “desinformação”.

JL